Resenha
Um thriller sombrio que explora os cantos mais obscuros da mente humana; como o bem e o mal, o amor e o ódio, o terror e a alegria podem coexistir; e como memórias de infância podem ser reescritas com o tempo, conforme as linhas entre imaginação e realidade são borradas. Os fãs do medo aterrorizante de Gillian Flynn e da moralidade cheia de nuances e dos relacionamentos complexos de Liane Moriarty vão amar este livro
Kirkus Reviews
“Jogo dos Espelhos”, obra da talentosa Carole Johnstone, é um mergulho intrigante no universo psicológico e sombrio que desafia os limites da realidade. A trama, passada do ponto de vista de Cat, mistura realidade e fantasia constantemente. Em dado momento cheguei a acreditar que havia certos toques de fantasia urbana…
Talvez por isso, minha experiência inicial com o livro tenha sido marcada por uma confusão que permeou as primeiras páginas, demandando um esforço adicional para compreender a trama em desenvolvimento. Fazia tempo que algo do tipo não acontecia comigo e meus registros diários sobre a leitura no Maratona não me deixa mentir.
A narrativa de Johnstone, embora promissora, apresentou uma demora significativa para engrenar, o que, imagino eu, pode afastar leitores menos pacientes. A autora deliberadamente mantém o véu da incerteza, construindo cenários que, inicialmente, desafia o entendimento do leitor. Contudo, aqueles que persistem serão recompensados com uma trama complexa e envolvente.
A construção dos personagens é um dos pontos altos do livro, proporcionando uma imersão profunda nas complexidades psicológicas de cada um. Johnstone habilmente explora as motivações e traumas que moldam as personalidades, tornando-os seres tridimensionais. Suas personalidades, atitudes e formas de interagir com o mundo ecoaram nos meus pensamentos mesmo após o término da leitura. E sabe o mais curioso? Eu não consegui me conectar com nenhum deles mesmo tendo gostado muito.
“E aquele foi o dia que a nossa segunda vida começou”
Jogo dos Espelhos, página 14.
Os gatilhos presentes na trama são outro aspecto a ser destacado.
A autora não hesita em confrontar temas sensíveis, desafiando os limites do leitor ao explorar questões profundas e desconfortáveis.
É tenso.
Angustiante.
E a confusa forma de ver o mundo da protagonista deixam esses gatilhos ainda mais expostos, dando um peso extra aos acontecimentos.
A leitura de “Jogo dos Espelhos” foi uma experiência ambígua, uma mistura constante de sentimentos conflitantes.
Curiosidade.
Raiva.
Tensão.
Empatia.
Horror.
Indiferença.
Foram algumas das sensações que experimentei com essa leitura.
A trama, por vezes, surpreende com reviravoltas inesperadas, enquanto, em outros momentos, desafia o leitor a refletir sobre questões existenciais. A capacidade da autora de criar uma atmosfera envolvente e desconcertante é inegável.
Em suma, “Jogo dos Espelhos” é uma obra que demanda paciência e reflexão, recompensando aqueles que se dedicam a decifrar os enigmas da história e dos pensamentos de Cat. A maestria de Carole Johnstone em explorar a mente humana e desafiar as convenções narrativas torna este livro uma leitura impactante para aqueles que buscam uma experiência literária forte, tensa e, por que não fantasticamente fora do comum.
Carole Johnstone cresceu em Lanarkshire, na Escócia. Ela escreve desde que se lembra e é uma contista premiada, cujo trabalho foi traduzido no mundo todo. Jogo dos espelhos, seu romance de estreia, foi vendido em treze países e teve os direitos audiovisuais adquiridos pela NBC Universal. Ela vive nas Terras Altas da Escócia com o marido.
Já leu o livro? O que achou? Me conta aí nos comentários!
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