Srta. Austen


“Por que a irmã de Jane Austen quis tanto queimar as cartas que a autora escreveu para familiares e amigos? Baseado neste mistério do universo literário, Srta. Austen, de Gill Hornby, recria a saga de Cassandra Austen para proteger os maiores segredos da irmã.”

Resenha

Quando iniciei a leitura, não sabia muito bem o que esperar, mas os primeiros 10% foram promissores e suficientes para me fazer acreditar que eu amaria a obra…

Será que essas primeiras impressões se confirmaram?

Vamos lá!

Em primeiro lugar, gostei muito do humor da autora, e das suas escolhas narrativas. De alguma forma, me lembrou o estilo de contar histórias da própria Jane Austen, que sempre parecia provocar o leitor a compartilhar sua visão crítica do mundo e do papel da mulher nele. Fiquei imediatamente empolgada com e leitura e sequer tinha passado das 50 páginas.

Me apaixonei pela narrativa, que fluiu fácil e despertou curiosidade. A impressão que dava ao passar das páginas é que, de alguma forma, eu estava lendo um romance de Jane Austen sobre sua própria família, recheado de ironia e sarcasmo. Foi muito gostoso de ler. Na metade do livro eu já sabia: nem precisaria terminar a leitura para recomendar. Que leitura gostosa!

Mas nem tudo se provou maravilhoso, e vou falar um pouco sobre isso. A história se passa em dois períodos distintos, que se alternam: o passado é retratado pelas cartas e memórias de Cassandra; o presente mostra a protagonista idosa, em meados de 1840. Como fio condutor temos as cartas trocadas pelos personagens; principalmente cartas de Austen.

O plot é justamente a necessidade urgente que Cassandra, tem de destruir as correspondências que poderiam comprometer a memória de sua querida irmã Jane. Nesse ponto da resenha preciso confessar que, infelizmente, sobre o desenrolar dessa parte da trama, fiquei decepcionada. Realmente esperava algo mais, justamente por ser o maior atrativo da premissa da obra. Por outro lado, foi interessante acompanhar a família através dos tempos. De qualquer forma, mesmo com seus defeitos, o enredo e a forma de apresentá-lo que me cativou bastante.

Além disso, podemos partir para outro ponto que julgo forte na história: os personagens. Muitos, por sinal. No começo me confundi um pouco, até porque praticamente todos se dividem entre três famílias e não dava muito tempo de assimilar quem era quem. Alguns foram muito bem construídos, como a própria Cassandra, e consegui captar suas essências através das páginas, outros apenas fizeram volume e pouco contribuíram para o desenvolvimento do enredo. Na balança final, os personagens saem como positivo pois os que foram bem retratados superam os coadjuvantes sem sal e sem açúcar.

Creio que em vez das cartas, o maior triunfo da trama seja a forma como aprofunda os laços de amizade e amor entre as irmãs Austen. Além do senso de dever que une alguns membros da família.

Continuo recomendando a obra, mas sem aquele entusiasmo que achei que recomendaria quando estava lendo os primeiros 30% da obra. De qualquer forma, foi bem gostoso de ler, foi divertido e muito interessante acompanhar essa “fanfic” da história da vida de Jane Austen.


Gill Hornby é escritora e jornalista. Casada com o escritor Robert Harris, ela mora com ele e os quatro filhos do casal em Kintbury, na Inglaterra. É autora de Colmeia, sua estreia na literatira, e também publicado pela Editora Record, que chegou à lista dos mais vendidos no Reino Unido logo após sua publicação. Apaixonada por Jane Austen, Gill Hornby demonstra muita propriedade ao criar histórias relacionadas à biografia da famosa autora e, não à toa, se autodeclara obcecada por sua trajetória.

Já leu o livro? O que achou? Me conta aí nos comentários!

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