


Vou iniciar já falando: que grata surpresa!
As protagonistas, Joana e Esther, são parte de uma família que, por anos, cumpriu a tarefa de proteger uma coleção de artefatos raros e antigos: livros de magia, escritos com sangue, que permitem pessoas realizarem feitos inimagináveis. Para que o segredo se mantivesse a salvo, Joana passou toda sua vida reclusa na casa de seus pais, enquanto Esther deixou tudo para trás e nunca mais retornou, mesmo após a morte de seu pai.
Bem… Não vou mentir: um pouco de expectativa eu tinha, mas iniciei a leitura de forma despretensiosa e acabei devorando o livro. Foram muitos os aspectos positivos e vou elencá-los antes de falar dos dois pontos que me incomodaram um pouco.

Primeiramente: o universo é interessantíssimo! Trata-se de uma fantasia urbana, a autora não criou raças ou um mundo diferente, mas cada detalhe, cada nuance dessa história me encantou. Temos todo um submundo mágico vinculado diretamente aos livros, com intrigas, segredos passados através de gerações… Que conceito maravilhoso! Amei demais mergulhar nessa fantasia.
Os personagens também são bem particulares, com características que não costumamos ver nas fantasias mais recentes. Não temos adolescentes, mas pessoas já adultas litando com os problema; mesmo que alguns, devido as circunstâncias, não tenham amadurecido conforme a idade.
Foi uma leitura interessante e, apesar de ser um livro relativamente curto, a autora conseguiu nos apresentar tudo muito bem. Ao final, parecia que eu conhecia os personagens há muito mais tempo.

Agora, vamos a um ponto que me incomodou.
Apesar de ter gostado de todo enredo e narrativa, a impressão que deu é que o começo foi bem mais arrastado do que poderia ser. Tudo bem que, no final das contas, serviu para que nos apegássemos às histórias e às personalidades dos personagens, mas mesmo assim… Demorou um pouco a engrenar. Mas reforço: quando engrena, é impossível parar de ler!
O outro ponto que me incomodou é que senti como se o livro se prolongasse mais do que deveria. Uma enrolada esquisita para esticar as últimas páginas. Não foi ruim, eu gostei de todo desfecho, mas foram-se acrescentando diálogos e informações que não fizeram tanta diferença, mas deixaram o final mais lento e repetitivo.
Mesmo assim, acho que seria um universo a ser ainda mais explorado, com outros livros ou contos. Não queria me despedir da Biblioteca assim… Acho que tem mais coisa ali dentro para desvendar.


Emma Törzs é escritora, professora e, eventualmente, tradutora. Vive em Minneapolis, Minnesota, nos Estados Unidos. Leciona Inglês e Escrita Criativa na Macalester College. Por suas obras de ficção, já recebeu uma bolsa do The National Endowment for the Arts (NEA) e os prêmios World Fantasy Award for Short Fiction e O. Henry Award. Tinta Sangue Irmã Escriba, seu romance de estreia, tornou-se instantaneamente um best-seller do Sunday Times, além de ter sido escolha do Clube do Livro do Good Morning America, eleito para a seleção de indicações de livreiros independentes Indie Next e considerado um dos 100 Livros Notáveis de 2023 pelo The New York Times e um dos Melhores Livros de 2023 da emissora NPR. Foi aclamado por críticos de diversos veículos, como o The New York Times, Washington Post, Locus Magazine, The Guardian, Kirkus, Publisher’s Weekly, entre outros. Törzs passou boa parte da infância plantada no sofá, lendo sobre magia, pobres órfãos britânicos e mulheres complicadas, do tipo que deixam nervosos os homens ao redor… É natural que ela tenha escrito um romance que reúna todas essas coisas.
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