Garota-Propaganda


“O que é certo é certo. Sonya Kantor conhece muito bem esse slogan.”

Resenha

Iniciei hoje Garota-propaganda, de Veronica Roth, publicado pela Planeta Minotauro, sem grandes expectativas. Porém, logo cheguei à página 50. O início da leitura foi rápido e empolgante. A curiosidade gerada pelo cenário em que a protagonista está inserida desperta interesse imediato no leitor. Muitas perguntas e poucas respostas, somadas a uma realidade distópica geram esse efeito: a necessidade de descobrir os retalhos que compõem aquele universo.

Além disso, nas primeiras páginas, a narrativa fluiu muito bem. Os capítulos curtos ajudaram no avanço e pelo ritmo de leitura em que eu estava, acreditei que chegaria na página 100 ainda no primeiro dia, porém não foi o que aconteceu.

De alguma forma, após a página 60 a história e a narrativa dão uma desacelerada brusca; o texto e as situações se tornam um pouco repetitivas. Com isso, aquela ânsia de seguir e descobrir tudo o mais rápido possível foi minguando aos poucos. A cada página, parecia que eu estava lendo uma história que rodava em círculos, quase como se a autora precisasse preencher as linhas para transformar um conto ou novela em um romance.

Demorei para avançar e a leitura que, no começo, prometia ser veloz, não se provou. A história não era ruim, o enredo continuava interessante, mas a impressão que eu tinha era de que estava se arrastando.

A protagonista, apesar de interessante e com uma personalidade diferente do que estamos acostumados a ver em obras que exigem uma heroína destemida, não foi suficiente para segurar a horda de personagens secundários sem graça e clichês. Alguns estavam ali apenas para fazer volume e dar o mínimo de background para protagonista em sua vida na prisão. Mas, na prática, não acrescentaram nada no desenvolvimento do livro e da personagem principal.

Além disso, comecei a reparar em pontos BEM, na melhor nas hipóteses, sem noção na história. E a suspensão de realidade não foi suficiente para eu comprar a ideia posta e os rumos que estavam sendo tomados para que o enredo pudesse avançar. Havia situações que não faziam o menor sentido, inclusive no plot central: o que considerei gravíssimo.

“Se você é capaz de rir enquanto se afoga, quem pode garantir que você não está só nadando?”

Garota-propaganda, pág 68.

Creio que a partir do momento em que a motivação para o desenrolar da história apareceu, a coisa desandou. A falta de sentido e as situações que começaram a surgir praticamente do nada continuaram me incomodando até praticamente a reta final da obra. Mesmo assim, ainda acreditava que a história como um todo ainda poderia se salvar e ter um final digno.

E com relação a isso, acertei. Terminei em um sprint final. As últimas páginas trazem novos ares e as coisas, quase que milagrosamente, voltam a ficar interessantes. Com isso, mesmo achando que algumas coisas foram jogadas para que a conclusão desse certo, houve uma recuperada no enredo. Em resumo: não foi uma leitura maravilhosa, mas não foi ruim. na verdade, acabou sendo um bom e despretensioso passatempo.

Recomendo porque não achei uma perda de tempo. Nos momentos bons e nas coisas boas da obra, realmente foram bons. Para quem nunca leu uma distopia ou está começando a se aventurar no gênero, é uma obra que posso recomendar sem medo. Mas não espere uma trama elaborada e cheia de camadas. É uma leitura bem farofa, que cumpre seu papel.


Veronica Roth é a autora mega-seller da aclamada série Divergente – adaptada para o cinema a partir de 2014 –, do livro Os escolhidos e da duologia Crave a marca. Vendeu milhões de livros no Brasil e no mundo. Além disso, é a editora convidada da edição mais recente da The Best American Science Fiction and Fantasy. Atualmente mora em Chicago, nos Estados Unidos.

Já leu o livro? O que achou? Me conta aí nos comentários!

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